quarta-feira, 31 de março de 2010

Possuo um portátil que adquiri nos USA, há uns anos atrás.
Trata-se de um Gateway que, para além de ter sido extremamente barato em relação aos preços praticados por máquinas idênticas em Portugal, nunca me deu problemas. Trabalha diariamente uma base de 10/12 horas diárias e mantém uma performance espectacular.
Depois de lhe ter viciado a bateria, fiquei dependente da fonte de alimentação através do respectivo transformador. E este, com tanto passeio, acabou por claudicar após uns belos anos de vida.
Até aqui tudo dentro da normalidade porque, como é do senso comum,  tudo tem o seu tempo útil de vida.
Obrigada a comprar um outro transformador, optei por um tipo universal que só durou 6 dias (ughhh... como estou arrependida de não ter mandado vir um de origem!) . Tudo porque o pino que faz a conexão do cabo ao portátil se partiu – os carregadores universais vêm equipados por uma panóplia de pinos que se adaptam a todo e qualquer entrada de pc, mas apenas um nos serve.
O facto, só por si pareceu-me estranho. Não ando propriamente a maltratar o equipamento, mas coloco a hipótese de ter havido algum defeito de fabrico.

Mais uma vez, fiquei privada de uma parte da minha vida que se encontra dentro deste bichano, e isso sim, transtorna verdadeiramente quem necessita de trabalhar.
Um amigo indicou-me uma super casa de equipamento electrónico, no Rossio, e lá me dirigi tentando arranjar a pequena peça que se tinha danificado.
Simplesmente não existia.
Mas o simpático funcionário propôs-me duas opções para resolver a situação:
A) comprar outro transformador por sensivelmente 50,00 euro
B) adquirir um pino diferente por 0,20 centimos e tentar arranjar alguém que o adaptasse ao cabo existente.

Agradou-me a opção B, e como podem verificar, o equipamento está 5 estrelas  ;)

segunda-feira, 29 de março de 2010

Cristina

Chama-se Cristina. E foi a primeira vez que nos vimos ou falámos. Uma jovem senhora de aspecto encantador, face jovial e uma educação esmerada. Esteve cá em casa durante sensivelmente uma hora e, no final de tratarmos do negócio que proporcionou este encontro, firmado o respectivo contrato, ofereceu-se para ajudar a desencaixotar alguns dos livros.

Achou estranho o súbito e prolongado ruído que emergiu de uma das assoalhadas. Mas mais não era que Bonnie & Clyde em exercício, experimentando o seu novíssimo aparelho vocacionado para ginasticar os membros que, depois de alguns meses de espera, fora finalmente entregue há uns dias atrás. Agora, pensando melhor sobre o assunto, torna-se urgente regular o dito, sob pena de ninguém conseguir dormir com tamanha barulheira caso estes jovens decidam praticar noite fora.

Cristina gostou do cadeirão.
E desta sala nonsence.
Do ambiente.
E até da parelha de gangsters.
Faz questão em cá passar novamente amanhã.
Será muito bem vinda.

domingo, 28 de março de 2010

petit à petit, l’oiseau fait son nid

O atelier começa, aos poucos, a tomar forma.
Amanhã é dia de ir até ao KKKKKKK (ia dizer o nome do estabelecimento, mas passo a pub) escolher alguns materiais.
Depois é uma questão de combinar o trabalho com o pedreiro e um amigo, que se prontificou a fazer as vezes de um canalizador.
Os bons amigos, os verdadeiros, continuam sempre atentos, presentes, e fazem questão em ajudar naquilo para que estão, ou não, vocacionados. Estou curiosa em relação a esta epopeia que envolverá canos, torneiras e água... provavelmente muita, muita água.... eheheheheheh....

O pequeno jardim fica para segundas núpcias, onde está prevista a implantação de tapetes de relva natural e, claro está, entre outras, as minhas flores preferidas – as doces, campestres, coloridas e aromáticas freesias.

A casa continua em mutação - o percurso comparo-o ao de uma larva, que cresce, constrói o seu casulo e espera o tempo necessário para se tornar uma borboleta (se entretanto não morrer durante o respectivo processo de transformação).
E se há algo que compreendo é o tempo de cada um, ou se preferirem, o actualmente denominado timing.
Costuma-se esperar que determinada pessoa reaja de determinada maneira a uma situação específica, o que a meu ver já por si é uma premissa errada, mas o tempo, esse, raramente é respeitado.
Espera-se que o tempo de reacção seja igual ou parecido de alguma forma ao nosso, porque essa é a nossa medida standard. Nada de mais errado. Há que saber esperar. Ou, no caso inverso, tentar perceber e aceitar um tempo de reacção mais acelerado que o nosso.

Quem inventou a noção de tempo (tempo para comer, tempo para dormir, tempo para trabalhar, tempo para tomar banho, tempo para vestir, tempo para estudar, tempo para namorar, tempo para brincar, tempo para ler, tempo para os amigos, tempo para espairecer, tempo para preguiçar, tempo para cusculhar(*), tempo para comunicar, tempo para o ciberespaço, tempo para o noticiário, tempo para arrumar, tempo para limpar, tempo para comprar, tempo para relaxar, tempo para amar, tempo para não fazer nada, tempo para não pensar, tempo para contemplar, tempo para pintar, tempo para... para... para...) lixou isto tudo! eheheheheheh

Isto tudo para vos dizer que,  petit à petit, l’oiseau fait son nid.



(*) termo inexistente mas que julgo poder vir a ser, se é que já o não foi,  adoptado pelo sociólogo José Machado Pais.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Já se começa a poder circular pela sala.
Estou a meio do décimo oitavo caixote e ainda não me atrevi a abrir nenhuma caixa de cd's.
Aqui, a questão é ir arrumando as obras à medida que vão vislumbrando luz [fotografia, teatro, cinema, música, literatura, artes visuais, dicionários...].
Ainda há muito trabalho pela frente.

Passámos pelo Coliseu, para ouvir os Tangerine Dream, uma banda de Berlim, formada em 1967, por Edgar Froese.
Uma sala a meio gás, com uma plateia de indivíduos, na sua maioria, do sexo masculino e meia idade. Curtiam(*) aquela onda instrumental como que revivendo épocas passadas, reavivando memórias saborosas das suas vidas.
Impressionou-me saber que, em 30 anos, esta banda gravou cerca de 100 álbuns. Uma indubitável fertilidade musical.
Pessoalmente, aquelas sonoridades relaxaram-me de tal maneira que adormeci. E houve quem o provasse captando a respectiva imagem no seu telemóvel.
Ops! Estas tecnologias são implacáveis e não deixam margem para dúvidas eheheheh



(*) curtir
(origem controversa)
v. tr.
1. Preparar (peles, couros) para os tornar imputrescíveis.
2. Remolhar (matérias têxteis) para as abrandar e lhes poder separar as fibras.
3. Conservar (alimentos) em líquido adequado. = curar
4. Queimar a pele por exposição ao sol ou ao vento.
5. Fig. Suportar sofrimento ou situação penosa. = aguentar, padecer, sofrer
6. Fig. Tornar mais forte, mais resistente. = calejar, endurecer
7. Infrm. Ressacar.
v. tr. e intr.
8. Infrm. Sentir prazer ou satisfação. = deleitar-se, gostar
9. Infrm. Trocar carícias sexuais.
in: http://www.priberam.pt/

sábado, 20 de março de 2010

Há umas largas semanas atrás, numa única manhã, a sala foi invadida por caixotes.
Muitos caixotes de cartão, pesados, repletos de muitos livros e muita música.
Saltitamos, desde então entre estas montanhas de cultura contida.
E sentimo-las gritar, em desespero de causa, para serem libertadas.
Querem que as tomemos nas mãos e saboreemos tudo o que têm para nos oferecer.

Hoje, mais do que nunca, sinto-as palpitar à minha frente. Talvez por se terem apercebido que o pequeno quarto contíguo já está preparado para as receber.
É tempo de lhes proporcionar o respeito merecido.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Ontem, mais uma vez, disfrutei de uma paisagem alentejana verdejante.
E do prazer que se tem em observar essa mesma paisagem, em viagem.
Os grandes ninhos cedo impuseram a sua presença. E em cada um, não apenas uma, mas cegonhas aos pares. Seus corpos, juntos, sem expepção.
Também os haviam sós, os ninhos, como que deixados ao abandono ou simplesmente à espera de quem chega a casa um pouco mais atrasado. Mas, os habitados, sempre, como disse, por um par destas majestosas aves.
Talvez tivesse sido da hora porque não me recordo de o ter presenciado noutra qualquer altura, nem em tantos quilómetros.

E ao observar, abrandar, parar, acelerar, senti novamente o gozo de uma viagem a solo. O quão libertador é. A alegria de disfrutármos de nós próprios. A opção de interagirmos ou não com o que nos rodeia.
Desligar. Apenas desligar e disfrutar o eu.
Ligar. Ligar e disfrutar de tudo. De tudo ou de nada. Ou de algo em particular.

A noite avançou, amena. E deu lugar ao encontro de um grupo de pessoas que encheram uma sala e, únidas por vários interesses, partilharam uma performance invulgar.
O silêncio deu lugar às palavras... Essas palavras de quem me era e continua a ser desconhecido. No entanto pareceram-me tão familiares e actuais. Num discurso fluido, sem rodeios. Palavras de alguém a quem vejo desaparecer lentamente, engolido por águas mornas, lodosas, e a quem faltou um outro alguém que, com uma mão firme, o agarrásse e emergisse para a vida. A vida como eu a entendo, especial, única, a que explode de dentro de nós e contagia, como de um virus se tratasse, os que connosco se cruzam.

No final, um porto de honra juntou aqueles que quizeram conviver um pouco dando um dedo de conversa. Momentos belos de troca e partilha. Faces mais ou menos vincadas de olhares doces e lábios que emitiam mais palavras. Palavras de homens desconhecidos. Vivos. Interessados em partilhar ideias. E ouvidos. Ouvidos por ouvidos que ouviam. Que ouviam e queriam ouvir. Sem pressas. Nem mesmo com dado o adiantado da hora.

O regresso foi solitário. Cat Stevens e a dupla Simon Garunkel foram os primeiros a invadirem o habitáculo. E não tardou que tivesse que elevar o volume do rádio para manter um nível de atenção razoável porque, a paisagem, essa, estava monotonamente negra. Talvez me tenha cruzado, no sentido em que seguia, por seis viaturas nos primeiros 2/3 do caminho.

Entrei numa Lisboa iluminada, adormecida.

terça-feira, 16 de março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

run away

E quando um amigo de uma irmã nos convida a uma bela estadia no Algarve, isso é..... simpatia!
Tempo ameno, solinho q.b. e acima de tudo, muito boa disposição.
Os livros, o portátil e demais apendices não chegaram a sair da mochila eheheheh
Um único senão: ninguém se lembrou de levar uma máquina fotográfica.
Muito agradecidas ao anfitrião pelo belo passeio que nos proporcionou.