terça-feira, 31 de março de 2015

A Ladra das Agulhas - in Contos Populares e Lendas II, coligidos por J. Leite de Vasconcelos

Lendo a obra abaixo mencionada, datada de 1969, que é uma compilação de recolha de contos populares e lendas, escolhi um conto do Ciclo Pecados Mortais para aqui partilhar, que passo a transcrever:

[A LADRA DAS AGULHAS]
Uma mãe tinha uma filha, à qual nunca deu educação de espécie alguma; nem a repreendia de qualquer travessura que fizesse, antes lhe fazia todas as vontades, e achava sempre muita graça às suas más respostas e atrevimentos.
A menina começou a roubar agulhas às companheiras e vizinhas, e a mãe ou sorria do caso ou pouco se lhe dava. Foi depois passando a coisas de maior valor, até que deu numa ladra consumada. Um dia caiu-lhe a justiça em casa e levou-a para a cadeia, e foi condenada à forca. Na véspera da execução, mandou chamar a mãe, porque desejava despedir-se dela e dar-lhe o último beijo. Ao aproximar-se da mãe, a filha cravou-lhe os dentes no nariz e arrancou-lho, dizendo: «Se a mãe me castigasse, quando comecei a roubar agulhas, não me veria agora morrer na forca».

A Ladra das Agulhas, in XII Ciclo: Pecados Mortais, Contos Populares e Lendas II, coligidos por J. Leite de Vasconcelos, Coodenado por Alda da Silva Soromenho e Paulo Caratão Soromenho, Acta Universitatis Conimbrigensis, Coimbra, 1969, conto 605, pág. 370.


Sobre o livro aqui deixo alguma informação que vos pode aguçar o apetite e, quem sabe, possa ser útil.
Contos Populares e Lendas II, coligidos por J. Leite de Vasconcelos, Acta Universitatis Conimbrigensis, Coimbra , 1969

Este volume está dividido pelos seguintes temas de contos:
VI Ciclo: Entre Marido e Mulher
VII: Facécias
VIII Ciclo: A Gata Borralheira
IX Ciclo: Heranças
X Ciclo: Instrumentos Maravilhosos
XI Ciclo: Nossa Senhora
XII Ciclo: Pecados Mortais
XIII Ciclo: O Pedro das Malas-Artes
XIV Ciclo: O Sabor dos Sabores

E lendas:
I Ciclo: Lendas Religiosas
II  Ciclo: Lendas de Entidades Míticas
III Ciclo: Lendas Históricas
IV Ciclo: Lendas de Mouras e Mouros
V Ciclo: Lendas Etiológicas
VI Ciclo: Lendas de Povoações Desaparecidas

sexta-feira, 13 de março de 2015

Para Além do Muro / Beyond the Wall, um livro de Gisela Cañamero, a não perder


O tema é o do Holocausto, com referência particular ao gueto de Varsóvia. A cena passa-se em 1961, em Berlim, no dia em que vai iniciar-se a construção do muro que ficaria como símbolo máximo da Guerra Fria. As poucas horas recobertas pela acção dramática são dadas pelo texto num crescendo de tensão, que se vai adensando até ao limite do suportável.
Integralmente escrito no modo trágico, não consente qualquer possibilidade de reconciliação. Não há salvação para as personagens. Mas o drama também não deixa qualquer espaço para uma catarse em que o leitor ou espectador possa encontrar a sua salvação numa qualquer forma de conciliação com o mundo.
O convite de Para além do muro à revisitação de uma memória trágica é particularmente oportuno, e mesmo urgente, numa era que algumas visões eufóricas tendem a ver como de superação das fronteiras, demonstrada, por exemplo, pela queda em 1989 desse mesmo muro de Berlim. Na verdade, como um olhar minimamente lúcido não poderá deixar de notar, os muros não deixaram de existir, antes, pelo contrário, vão proliferando.
Para além do muro, ao lembrar-nos, através da confrontação com o destino trágico das suas personagens, que o trabalho da memória está, por natureza, sempre inacabado e que a luta contra o esquecimento é também a luta por um mundo habitável e partilhável para além dos muros, é um texto que dialoga com as interrogações mais fundas da nossa contemporaneidade e que pode, a partir de agora, reivindicar um lugar de pleno direito no cânone transnacional da literatura do Holocausto.
(do “Prefácio” de António Sousa Ribeiro)
pode ser adquirido aqui ou aqui
colecção azulcobalto | teatro | 010
Edição 50
Edição comparticipada pela DG Artes, em co-edição com a companhia teatral arte pública
ISBN 978-989-8592-60-6
Formato 14×22 cm
Páginas 122
PVP €12

quarta-feira, 4 de março de 2015

Funeral Blues by W. H. Auden

Funeral Blues

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message 'He is Dead'.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good.