domingo, 10 de setembro de 2017

Carmina Burana no Parque Vale do Silêncio, Olivais, Lisboa

Foi no Parque Vale do Silêncio, em Lisboa, que muitos como eu, pudemos assistir ao concerto Carmina Burana (mais informações aqui).

 foto captada com tm

Embora a noite estivesse fresca, foi fascinante testemunhar que o parque encheu com pessoas de todas as idades.
Passados os primeiros minutos em que soou o «tema familiar» ao ouvido da maior parte das pessoas pensei «e agora? será que se aguentam até ao final?». Perconceito meu. Não só não arredaram pé como apreciaram cada solista, cada coro, todas as sonoridades desde os timbales e o piano aos vários solistas e naipes que a orquestra tinha para oferecer.

Lamentavelmente a amplificação sonora não esteve, de todo, à altura porque não foi devidamente estudada e  programada para todo o comprimento do recinto, oscilando não só no volume como por vezes da esquerda para a direita e vice-versa.
A luminotecnia pecou por, no início, fazer o palco parecer uma feira de luzes psicadélicas amarelas, brancas e azuis - quem as estava a operar deve ter-se entusiasmado esquecendo-se por segundos que se tratava de um concerto de uma obra de Carl Orff e não de um concerto dos Moonspell (que também gosto por vezes de ouvir).

Proponho a Joana Gomes Cardoso, presidente da EGEAC, que programe no terreno com seriedade, porque quem foi assistir ao concerto, merecia usufrui-lo nas melhores das condições - não chega ter uma excelente orquestra, fantásticos coros, maravilhosos solistas e um palco catita - oferecer um concerto de qualidade é levar os pianos e os fortíssimos a todo o recinto com a excelencia e a qualidade que os seus interpretes nos presenteiam. E hoje em dia isso é simples de se fazer em recinto de ar livre (já lá vai o tempo em que toda a gente se desculpava com as «condições dos locais»).

Sugiro que para a próxima faça o trabalho de casa e que passe algumas horas no terreno com quem percebe de acústica, alugue o PA indicado e o monte ao longo do recinto às distâncias, alturas e ângulos correctos. Realize ensaios de som com os intervenientes atempadamente, afine a aparelhagem à perfeição e contrate sonoplasta à altura. Verá que um pouco de trabalho lhe dará motivo de orgulho (a si e à sua equipa).
Se alguma vez assistiu em PT ou lá fora, a eventos desta natureza, feitos com rigor, verá que o resultado final que ofereceu está muito àquem do que estamos acostumados.

Se quiser ser mais requintada, trabalhe com largos meses de antecedência e arrange um patrocionador que lhe ofereça umas almofadinhas para oferecer às pessoas no recinto, para se poderem sentar confortavelmente - toda a gente agradece.

Quanto ao maestro José Eduardo Gomes aqui fica uma sugestão: quando tem à sua frente um público tão generoso e receptivo, trate-o como se tivesse pago o bilhete dentro da melhor sala de espectáculo e brinde-o com um merecido encore.

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

A todos os anormais que abandonam animais


Sim, isto é para ti, seu filho da puta!



Este vídeo foi produzido por Guilherme Durante, autor do blogue “Por Falar Noutra Coisa”, dedicado a todos os que abandonam animais. 

Veja e não fique indiferente, partilhe!

domingo, 27 de agosto de 2017

Contar - Festival de Contos do Mundo (2.ª edição), Beja

Foi em Beja que assisti a dois espectáculos da 2.ª edição do Contar - Festival de Contos do Mundo.

BALADA DAS VINTE  MENINAS FRIORENTAS
Margarida Mestre
Concepção e interpretação
Rui Ferreira
piano e precursões

Um ambiente musical muito interessante para este poema de Matilde Rosa Araújo.
Não me pareceu uma performance para crianças, mas antes para jovens adultos e adultos.
Um poema muito bem dito, embora a parte instrumental por vezes abafasse a palavra.
Não gostei de ver caixas de fósforos (mesmo que «golondrina») ou mesmo fósforos em palco. Para mim as caixas poderiam ser pintadas, forradas.
Um espéctaculo limpo, coerente e honesto com ritmos e musicalidades interessantes.




VY















Pouco a dizer sobre este espectáculo: a pura excelência a todos os níveis.
Não são muitas as vezes que nos sentimos arrebatados desta forma, que nos rendemos sem reservas a esta dupla (uma actriz e a sua marioneta).
Parabéns a Michele Nguyen! e, se puderem, não percam o seu próximo espectáculo.


Também de parabéns as equipas que trabalharam neste festival.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Um doce sábado


Embora a temperatura esteja fresca, este sol maravilhoso convida a sair e a ver as novidades que aí andam.

O MUDE convida-nos a visitar a «Cidade Gráfica», integrado no programa MUDE Fora de Portas, patente no Convento da Trindade que fica na Rua Nova da Trindade n.º 20, até 18 de Março corrente, de terça a domingo, das 10 às 18 horas. A entrada é gratuita.

O espaço é interessante, amplo e a exposição está muito boa.
Quem não faz a mais pequena ideia como se constrói uma letra de néon vai poder ver como é. Acreditem que dá trabalho.
Vou deixar aqui algumas das fotos que captei para terem uma ideia do espaço expositivo e abrir-vos o apetite para visitar e um texto, no final, sobre a exposição.










No âmbito da programação MUDE FORA DE PORTAS estamos agora no Convento da Trindade com a exposição “Cidade Gráfica. Letreiros e reclames de Lisboa no século XX”
Esta exposição tem como objetivo mostrar um património que está a desaparecer da cidade, apresentando assim letras e letreiros já desativados. Em colaboração com o Projeto Letreiro Galeria (iniciativa que procura preservar os letreiros comerciais e industriais que estão desativados, considerando-os património cultural e memória gráfica da cidade), o MUDE olha para a cidade de Lisboa pela perspetiva da publicidade e da cultura urbana, contribuindo para a preservação de um património gráfico reunido que urge estudar e permitir a fruição de uma memória cultural comum a todos os portugueses.
Devido à evolução dos grafismos, à reabilitação urbana e na sequência das próprias dinâmicas empresariais, que conduzem à abertura e ao fecho de lojas, muitos desses letreiros acabam abandonados, tendo como destino o ferro-velho ou o lixo, perdendo-se qualquer rasto sobre a sua história e o seu contexto. Assim se perde também parte da memória de uma cidade e das referências estéticas que marcam várias épocas. Esta exposição, a publicação a ela associada e os debates que se preparam, procuram sensibilizar para esta questão e analisar a evolução deste meio de comunicação e publicidade, muito relacionado com o design, mas também com a arquitetura e o urbanismo.
[retirado daqui]

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Se forem gulosos e gostarem de chocolate podem passar pela Chocolataria Equador que fica pertinho e tem um espaço muito agradável à vista.







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Neste sábado esteve em cena, no Teatro da Trindade, um «musical», NÓS, TRABALHADORES.
O teatro estava cheio embora a divulgação tenha sido pobre e, duma maneira geral, pelos comentários que ouvi à saída, a grande maioria que assistiu, gostou.

Quanto a mim, posso dizer que a mensagem foi bem transmitida, mas dificilmente chamaria ao que vi de musical.
Óptimos actores/cantores salvaram a honra do convento, por serem realmente bons naquilo que fazem, mas a encenação e direcção de actores deixou a desejar, o que foi uma pena, porque poderia ter sido um trabalho do qual nos orgulhássemos.

Pareceu-me uma manta de retalhos à qual se foram cozendo «quadros» cantados ou não,que iam surgindo como parte de uma e outra, e outra ideia que poderiam, no seu conjunto, ter levado ao árduo trabalho da construção de um Todo, como linguagem estética (não falo da história contada). Mas não. O trabalho do encenador falhou.

A parte vídeo foi bem conseguida, com uma linguagem inteligente e por vezes cheia de humor.
Os instrumentistas extraordinários e o coro, o maravilhoso coro que nas duas primeiras interpretações me fizeram sorrir pensando que se assim começava iria certamente ser um grande espectáculo, foi perdendo a sua força ao longo do espectáculo, devido essencialmente a mau posicionamento em palco. Merecia mais. Que o tivessem feito brilhar até ao fim.  Gostaria ouvi-lo noutra actuação, noutra circunstância, brevemente.
Tenho pena, em particular, que o poema cantado Calçada da Carriche, cuja harmonia soou lindamente, tenha perdido pela distância a que o coro se encontrava (ao fundo do palco), tendo sido impossível perceber a maioria da letra (mesmo para quem tão bem a conhece) ao serem como que «abafados» pela parte instrumental.

Quanto ao nosso público, ainda precisa de ver muito espectáculo nas suas diversas áreas, para possuir um espírito crítico mais apurado (no bom sentido, obviamente).