sábado, 19 de dezembro de 2015

Eduardo Leite, pintor (1947-2015)

Um homem alegre, generoso, amigo a quem devo, o pouco que sei, na sua arte.
Artista inigualável, detentor de uma mão que se fundia de forma inata, com o pincel, em comunhão. Vê-lo pintar, acompanhando cada traço, cada sombra enquanto apurava cores dentro dos antigos frascos de vidro de yogurte, era assistir ao voo harmonioso de uma pequena ave, sentir a fresca brisa do mar numa tarde quente de Verão; ver pela primeira vez o sol desaparecer no horizonte.
Homem de olhar franco. Feliz.
Foi uma honra conhece-lo.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Juanito (o borrego alentejano) e Fly (a cadela urbana) em Lisboa - As Ma...







É assim que, Juanito, um borrego alentejano,   com precisamente 1 mês de idade à data deste vídeo, decide confraternizar com a sua amiga Fly.

Juanito nasceu numa noite atribulada, no meio de um parto que envolve uma ovelha a querer parir e um Rafeiro do Alentejo a atacá-la.

Deste episódio sobreviveram dois borreguinhos. Um forte, já com lã pelo corpo todo, que nunca se pôs de pé e acabou por não sobreviver. E Juanito, enfezado, debilitado, com a mãe a afastá-lo abandonando-o à sua sorte. Sem querer saber. E ele, levantando-se numas patas finas, sem força e caindo de seguida. Fez esse movimento sempre que pode, com as forças que lhe restavam.

Quem luta assim pela vida tem de ser ajudado.

Dar-lhe leite de vaca foi instintivo, mas de todo não foi uma grande ajuda. O animal entrou em diarreia e a ficar com aspecto muito debilitado, pelo que no dia seguinte seguiu viagem para Lisboa onde foi internado no Hospital da Faculdade de Medicina Veterinária. E aí sim, os «anjos» fizeram milagres e conseguiram salvar o nosso amiguinho que fora baptizado de Don Juan (para lhe dar ânimo nos momentos difíceis).

Dois dias passados de Don Juan passou a chamar-se Juanito e foi, sem dúvida, a coqueluche do prédio.

A partir do momento em que se instalou num pequeno apartamento lisboeta, começou a encorpar e a ganhar peso de dia para dia até se tornar neste belo borreguinho à data deste vídeo.
Pela casa anda de fralda (abençoadas Lindor e só mesmo essas fazem jus à sua fama), gosta de «ler» bastantes livros - é vê-lo sempre ocupado a passear-se empunhando folhas na pequena boca d'enfant terrible.... sacos de alças, maiores que ele,  correndo freneticamente pela casa. Atacadores roídos em vários lados, papel higiénico a ser guardado em locais altos, fanático por adormecer encima de uma toalha de banho, isso sim é que é que é vida.  Os pacotes das fraldas e resguardos são-lhe também particularmente apetecíveis, bem como os fios eléctricos e os próprios portáteis . E uma das suas maiores diversões é ver pelo óculo da máquina de lavar a roupa a rodar, a rodar e a rodar.

Os seus pares nunca foram ovelhas. Ocupa o apartamento com dois humanos e um canídeo e essas são as suas referências. Passeia na rua, faz ruídos muito estranhos enquanto dorme. Rumina muito.
Conhece os cães da vizinhança que o acham criatura estranha, mas vizinho a tratar com cortesia.

Os dias e as noites deste mês e meio têm sido dedicados ao pequeno Juanito, que foi ganhando corpo entre mamadas de biberon e água, fraldas e passeios.

No quarto tem a sua cama com o chão forrado a edredon para os cascos não acordarem os vizinhos em baixo, um pouco de palha e a inevitável toalhinha onde se gosta de aconchegar.




quarta-feira, 1 de abril de 2015

Língua Tétum – Contributos para uma Gramática, de Luís Costa

LANÇAMENTO: 
Dia 8 de Abril de 2015, às 18h00, na Embaixada da República Democrática de Timor-Leste, Lisboa.
Apresentação: Prof.ª Doutora Margarita Correia.

Embaixada da República Democrática de Timor-Leste

Largo dos Jerónimos, 3, 1.º 
Lisboa

Teatro D. Maria II, em Lisboa - momentos de relflexão


POR.T.A. dos artistas
PORTUGAL.TEATRO.ABRIL

20 abr das 11h às 19h30 - entrada livre mediante inscrição

Encontro para reflexão entre atores, autores, encenadores e outros criativos, produtores, técnicos e público.

“Almeida Garrett escreveu em 1841: ‘O teatro é um grande meio de civilização, mas não prospera onde a não há. Não têm procura os seus produtos enquanto o gosto não forma os hábitos e com eles a necessidade’. 

Será que estamos condenados a continuar a dar razão ao poeta, dramaturgo, romancista, pedagogo e político que lançou as bases que conduziram à criação do Conservatório e do Teatro Nacional? E por quanto tempo ainda?”
Rui Mendes


11h00 - 11h15
Propósito: Unir a Família Teatral
com Rui Mendes (Ator e encenador)

11h15 - 12h30
Os Grupos históricos (de 1974 e a conquista da liberdade, a 2015 e as incertezas do futuro)
com Eugénia Vasques (Professora do ensino superior)

14h00 - 15h00
O Ensino de Teatro
com José Peixoto (Ator e encenador)
As saídas profissionais e as estruturas teatrais
com Patrícia Vasconcelos (Casting director)  

15h00 - 16h00
O Teatro de Revista
com Francisco Nicholson (Ator, encenador e argumentista)
O Teatro escrito em português
com Jacinto Lucas Pires (Escritor)  

16h00 - 17h00
Novos grupos – Novos caminhos
com Pedro Zegre Penim (Teatro Praga) e
Gonçalo Amorim (Teatro Experimental do Porto)

17h30 - 18h30
A Descentralização teatral
com João Pedro Vaz (Comédias do Minho) e
José Russo (Cendrev - Centro Dramático de Évora)

18h30 - 19h15
A Crítica e a investigação teatral
com Maria Helena Serôdio (Professora universitária)

19h15 - 19h30
Balanço final
com Fernanda Lapa (Atriz e encenadora)
No final de cada painel realiza-se um pequeno debate.

uma iniciativa TNDM II
coordenação e moderação Rui Mendes e Fernanda Lapa
inscrições até 16 abr

terça-feira, 31 de março de 2015

A Ladra das Agulhas - in Contos Populares e Lendas II, coligidos por J. Leite de Vasconcelos

Lendo a obra abaixo mencionada, datada de 1969, que é uma compilação de recolha de contos populares e lendas, escolhi um conto do Ciclo Pecados Mortais para aqui partilhar, que passo a transcrever:

[A LADRA DAS AGULHAS]
Uma mãe tinha uma filha, à qual nunca deu educação de espécie alguma; nem a repreendia de qualquer travessura que fizesse, antes lhe fazia todas as vontades, e achava sempre muita graça às suas más respostas e atrevimentos.
A menina começou a roubar agulhas às companheiras e vizinhas, e a mãe ou sorria do caso ou pouco se lhe dava. Foi depois passando a coisas de maior valor, até que deu numa ladra consumada. Um dia caiu-lhe a justiça em casa e levou-a para a cadeia, e foi condenada à forca. Na véspera da execução, mandou chamar a mãe, porque desejava despedir-se dela e dar-lhe o último beijo. Ao aproximar-se da mãe, a filha cravou-lhe os dentes no nariz e arrancou-lho, dizendo: «Se a mãe me castigasse, quando comecei a roubar agulhas, não me veria agora morrer na forca».

A Ladra das Agulhas, in XII Ciclo: Pecados Mortais, Contos Populares e Lendas II, coligidos por J. Leite de Vasconcelos, Coodenado por Alda da Silva Soromenho e Paulo Caratão Soromenho, Acta Universitatis Conimbrigensis, Coimbra, 1969, conto 605, pág. 370.


Sobre o livro aqui deixo alguma informação que vos pode aguçar o apetite e, quem sabe, possa ser útil.
Contos Populares e Lendas II, coligidos por J. Leite de Vasconcelos, Acta Universitatis Conimbrigensis, Coimbra , 1969

Este volume está dividido pelos seguintes temas de contos:
VI Ciclo: Entre Marido e Mulher
VII: Facécias
VIII Ciclo: A Gata Borralheira
IX Ciclo: Heranças
X Ciclo: Instrumentos Maravilhosos
XI Ciclo: Nossa Senhora
XII Ciclo: Pecados Mortais
XIII Ciclo: O Pedro das Malas-Artes
XIV Ciclo: O Sabor dos Sabores

E lendas:
I Ciclo: Lendas Religiosas
II  Ciclo: Lendas de Entidades Míticas
III Ciclo: Lendas Históricas
IV Ciclo: Lendas de Mouras e Mouros
V Ciclo: Lendas Etiológicas
VI Ciclo: Lendas de Povoações Desaparecidas

sexta-feira, 13 de março de 2015

Para Além do Muro / Beyond the Wall, um livro de Gisela Cañamero, a não perder


O tema é o do Holocausto, com referência particular ao gueto de Varsóvia. A cena passa-se em 1961, em Berlim, no dia em que vai iniciar-se a construção do muro que ficaria como símbolo máximo da Guerra Fria. As poucas horas recobertas pela acção dramática são dadas pelo texto num crescendo de tensão, que se vai adensando até ao limite do suportável.
Integralmente escrito no modo trágico, não consente qualquer possibilidade de reconciliação. Não há salvação para as personagens. Mas o drama também não deixa qualquer espaço para uma catarse em que o leitor ou espectador possa encontrar a sua salvação numa qualquer forma de conciliação com o mundo.
O convite de Para além do muro à revisitação de uma memória trágica é particularmente oportuno, e mesmo urgente, numa era que algumas visões eufóricas tendem a ver como de superação das fronteiras, demonstrada, por exemplo, pela queda em 1989 desse mesmo muro de Berlim. Na verdade, como um olhar minimamente lúcido não poderá deixar de notar, os muros não deixaram de existir, antes, pelo contrário, vão proliferando.
Para além do muro, ao lembrar-nos, através da confrontação com o destino trágico das suas personagens, que o trabalho da memória está, por natureza, sempre inacabado e que a luta contra o esquecimento é também a luta por um mundo habitável e partilhável para além dos muros, é um texto que dialoga com as interrogações mais fundas da nossa contemporaneidade e que pode, a partir de agora, reivindicar um lugar de pleno direito no cânone transnacional da literatura do Holocausto.
(do “Prefácio” de António Sousa Ribeiro)
pode ser adquirido aqui ou aqui
colecção azulcobalto | teatro | 010
Edição 50
Edição comparticipada pela DG Artes, em co-edição com a companhia teatral arte pública
ISBN 978-989-8592-60-6
Formato 14×22 cm
Páginas 122
PVP €12

quarta-feira, 4 de março de 2015

Funeral Blues by W. H. Auden

Funeral Blues

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message 'He is Dead'.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good.