Um homem alegre, generoso, amigo a quem devo, o pouco que sei, na sua arte.
Artista inigualável, detentor de uma mão que se fundia de forma inata, com o pincel, em comunhão. Vê-lo pintar, acompanhando cada traço, cada sombra enquanto apurava cores dentro dos antigos frascos de vidro de yogurte, era assistir ao voo harmonioso de uma pequena ave, sentir a fresca brisa do mar numa tarde quente de Verão; ver pela primeira vez o sol desaparecer no horizonte.
Homem de olhar franco. Feliz.
Foi uma honra conhece-lo.
sábado, 19 de dezembro de 2015
quinta-feira, 28 de maio de 2015
sexta-feira, 22 de maio de 2015
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Juanito (o borrego alentejano) e Fly (a cadela urbana) em Lisboa - As Ma...
É assim que, Juanito, um borrego alentejano, com precisamente 1 mês de idade à data deste vídeo, decide confraternizar com a sua amiga Fly.
Juanito nasceu numa noite atribulada, no meio de um parto que envolve uma ovelha a querer parir e um Rafeiro do Alentejo a atacá-la.
Deste episódio sobreviveram dois borreguinhos. Um forte, já com lã pelo corpo todo, que nunca se pôs de pé e acabou por não sobreviver. E Juanito, enfezado, debilitado, com a mãe a afastá-lo abandonando-o à sua sorte. Sem querer saber. E ele, levantando-se numas patas finas, sem força e caindo de seguida. Fez esse movimento sempre que pode, com as forças que lhe restavam.
Quem luta assim pela vida tem de ser ajudado.
Dar-lhe leite de vaca foi instintivo, mas de todo não foi uma grande ajuda. O animal entrou em diarreia e a ficar com aspecto muito debilitado, pelo que no dia seguinte seguiu viagem para Lisboa onde foi internado no Hospital da Faculdade de Medicina Veterinária. E aí sim, os «anjos» fizeram milagres e conseguiram salvar o nosso amiguinho que fora baptizado de Don Juan (para lhe dar ânimo nos momentos difíceis).
Dois dias passados de Don Juan passou a chamar-se Juanito e foi, sem dúvida, a coqueluche do prédio.
A partir do momento em que se instalou num pequeno apartamento lisboeta, começou a encorpar e a ganhar peso de dia para dia até se tornar neste belo borreguinho à data deste vídeo.
Pela casa anda de fralda (abençoadas Lindor e só mesmo essas fazem jus à sua fama), gosta de «ler» bastantes livros - é vê-lo sempre ocupado a passear-se empunhando folhas na pequena boca d'enfant terrible.... sacos de alças, maiores que ele, correndo freneticamente pela casa. Atacadores roídos em vários lados, papel higiénico a ser guardado em locais altos, fanático por adormecer encima de uma toalha de banho, isso sim é que é que é vida. Os pacotes das fraldas e resguardos são-lhe também particularmente apetecíveis, bem como os fios eléctricos e os próprios portáteis . E uma das suas maiores diversões é ver pelo óculo da máquina de lavar a roupa a rodar, a rodar e a rodar.
Os seus pares nunca foram ovelhas. Ocupa o apartamento com dois humanos e um canídeo e essas são as suas referências. Passeia na rua, faz ruídos muito estranhos enquanto dorme. Rumina muito.
Conhece os cães da vizinhança que o acham criatura estranha, mas vizinho a tratar com cortesia.
Os dias e as noites deste mês e meio têm sido dedicados ao pequeno Juanito, que foi ganhando corpo entre mamadas de biberon e água, fraldas e passeios.
No quarto tem a sua cama com o chão forrado a edredon para os cascos não acordarem os vizinhos em baixo, um pouco de palha e a inevitável toalhinha onde se gosta de aconchegar.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
Língua Tétum – Contributos para uma Gramática, de Luís Costa
LANÇAMENTO:
Dia 8 de Abril de 2015, às 18h00, na Embaixada da República Democrática de Timor-Leste, Lisboa.
Apresentação: Prof.ª Doutora Margarita Correia.
Dia 8 de Abril de 2015, às 18h00, na Embaixada da República Democrática de Timor-Leste, Lisboa.
Apresentação: Prof.ª Doutora Margarita Correia.
Embaixada da República Democrática de Timor-Leste
Largo dos Jerónimos, 3, 1.º
Lisboa
Teatro D. Maria II, em Lisboa - momentos de relflexão
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Encontro para reflexão entre
atores, autores, encenadores e outros criativos, produtores, técnicos e
público.
“Almeida Garrett escreveu em
1841: ‘O teatro é um grande meio de civilização, mas não
prospera onde a não há. Não têm procura os seus produtos enquanto o gosto não
forma os hábitos e com eles a necessidade’.
Será que estamos condenados a
continuar a dar razão ao poeta, dramaturgo, romancista, pedagogo e político
que lançou as bases que conduziram à criação do Conservatório e do Teatro
Nacional? E por quanto tempo ainda?”
Rui Mendes
No final de cada painel
realiza-se um pequeno debate.
uma iniciativa TNDM II
coordenação
e moderação Rui Mendes e Fernanda Lapa
inscrições até 16 abr |
Etiquetas:
Lisboa,
teatro,
Teatro D. Maria II
terça-feira, 31 de março de 2015
A Ladra das Agulhas - in Contos Populares e Lendas II, coligidos por J. Leite de Vasconcelos
Lendo a obra abaixo mencionada, datada de 1969, que
é uma compilação de recolha de contos populares e lendas, escolhi um conto do
Ciclo Pecados Mortais para aqui partilhar, que passo a transcrever:
[A LADRA DAS AGULHAS]
Uma mãe tinha uma filha, à qual nunca
deu educação de espécie alguma; nem a repreendia de qualquer travessura que
fizesse, antes lhe fazia todas as vontades, e achava sempre muita graça às suas
más respostas e atrevimentos.
A menina começou a roubar agulhas às
companheiras e vizinhas, e a mãe ou sorria do caso ou pouco se lhe dava. Foi
depois passando a coisas de maior valor, até que deu numa ladra consumada. Um
dia caiu-lhe a justiça em casa e levou-a para a cadeia, e foi condenada à
forca. Na véspera da execução, mandou chamar a mãe, porque desejava despedir-se
dela e dar-lhe o último beijo. Ao aproximar-se da mãe, a filha cravou-lhe os
dentes no nariz e arrancou-lho, dizendo: «Se a mãe me castigasse, quando
comecei a roubar agulhas, não me veria agora morrer na forca».
A Ladra das Agulhas, in XII Ciclo: Pecados
Mortais, Contos Populares e Lendas II, coligidos
por J. Leite de Vasconcelos, Coodenado por Alda da Silva Soromenho e Paulo
Caratão Soromenho, Acta Universitatis Conimbrigensis, Coimbra, 1969, conto 605,
pág. 370.
Sobre o livro aqui deixo alguma informação que vos pode
aguçar o apetite e, quem sabe, possa ser útil.
Contos Populares e Lendas II, coligidos por J. Leite de Vasconcelos, Acta
Universitatis Conimbrigensis, Coimbra , 1969
Este volume está
dividido pelos seguintes temas de contos:
VI Ciclo: Entre
Marido e Mulher
VII: Facécias
VIII Ciclo: A Gata
Borralheira
IX Ciclo: Heranças
X Ciclo:
Instrumentos Maravilhosos
XI Ciclo: Nossa
Senhora
XII Ciclo: Pecados
Mortais
XIII Ciclo: O Pedro
das Malas-Artes
XIV Ciclo: O Sabor
dos Sabores
E lendas:
I Ciclo: Lendas
Religiosas
II Ciclo: Lendas de Entidades Míticas
III Ciclo: Lendas
Históricas
IV Ciclo: Lendas de
Mouras e Mouros
V Ciclo: Lendas
Etiológicas
VI Ciclo: Lendas de
Povoações Desaparecidas
sexta-feira, 13 de março de 2015
Para Além do Muro / Beyond the Wall, um livro de Gisela Cañamero, a não perder
O tema é o do Holocausto, com referência particular ao gueto de Varsóvia. A cena passa-se em 1961, em Berlim, no dia em que vai iniciar-se a construção do muro que ficaria como símbolo máximo da Guerra Fria. As poucas horas recobertas pela acção dramática são dadas pelo texto num crescendo de tensão, que se vai adensando até ao limite do suportável.
Integralmente escrito no modo trágico, não consente qualquer possibilidade de reconciliação. Não há salvação para as personagens. Mas o drama também não deixa qualquer espaço para uma catarse em que o leitor ou espectador possa encontrar a sua salvação numa qualquer forma de conciliação com o mundo.
O convite de Para além do muro à revisitação de uma memória trágica é particularmente oportuno, e mesmo urgente, numa era que algumas visões eufóricas tendem a ver como de superação das fronteiras, demonstrada, por exemplo, pela queda em 1989 desse mesmo muro de Berlim. Na verdade, como um olhar minimamente lúcido não poderá deixar de notar, os muros não deixaram de existir, antes, pelo contrário, vão proliferando.
Para além do muro, ao lembrar-nos, através da confrontação com o destino trágico das suas personagens, que o trabalho da memória está, por natureza, sempre inacabado e que a luta contra o esquecimento é também a luta por um mundo habitável e partilhável para além dos muros, é um texto que dialoga com as interrogações mais fundas da nossa contemporaneidade e que pode, a partir de agora, reivindicar um lugar de pleno direito no cânone transnacional da literatura do Holocausto.
(do “Prefácio” de António Sousa Ribeiro)
colecção azulcobalto | teatro | 010
Edição 50
Edição comparticipada pela DG Artes, em co-edição com a companhia teatral arte pública
ISBN 978-989-8592-60-6
Formato 14×22 cm
Páginas 122
PVP €12
Etiquetas:
Beyond the Wall,
Companhia das Ilhas,
Gisela Cañamero,
Para Além do Muro
quarta-feira, 4 de março de 2015
Funeral Blues by W. H. Auden
Funeral Blues
Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message 'He is Dead'.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.
The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good.
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message 'He is Dead'.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.
The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good.
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